Pequeno manual de gestão de tempo para freelancers

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Sandra Caravana
Copywriter

Precisam os freelancers de um relógio de ponto biométrico?

O mito do freelancer: é um estilo de vida em que a pessoa que o escolhe seguir não tem horas para nada. Reza a lenda que os chamados freelancers decidem o seu próprio horário. É o expoente da liberdade. Podemos distinguir um freelancer do comum dos mortais na fila do banco: é aquele que lá está às 11h43m e não está stressado. Ou no médico de família. 

Será mesmo assim?

Sandra Caravana
Copywriter

Precisam os freelancers de um relógio de ponto biométrico?

O mito do freelancer: é um estilo de vida em que a pessoa que o escolhe seguir não tem horas para nada. Reza a lenda que os chamados freelancers decidem o seu próprio horário. É o expoente da liberdade. Podemos distinguir um freelancer do comum dos mortais na fila do banco: é aquele que lá está às 11h43m e não está stressado. Ou no médico de família. 

Será mesmo assim?

Um freelancer é um profissional autónomo e independente – mas não deve ser confundido com o conceito contabilístico de trabalhador independente. Regra geral, um freelancer trabalha por projetos. Um texto, uma música, uma tradução, um design… e é pago/a por esse trabalho. São, na maior parte, profissões que não exigem a presença do profissional de forma rotineira num sítio específico. Os freelancers podem ser nómadas digitais, embora não exista necessariamente reciprocidade. 

Então, um freelancer é totalmente livre?

Se um profissional freelancer trabalha por projetos, porque é tão importante a gestão do tempo? 

With great power comes great responsibility – já dizia o Tio Ben. 

Strawberry Nevill expõe o tempo como unidade de energia

Tomemos o exemplo de um/a copywriter para redes sociais. O trabalho é escrever uma publicação com 200 palavras, com o objetivo de anunciar o novo menu do restaurante O Restaurante Fictício. O mais lógico seria este/a copywriter monitorizar quanto tempo precisa para escrever um post destes e, a partir daí, gerir o seu horário por períodos de trabalho. Nevill propõe olhar para a gestão do calendário como unidades de energia. Esta noção de energia está associada ao conceito de concentração.

 

Não temos o mesmo nível de concentração, nem tempo de atenção, ao longo da nossa vida. Estima-se que crianças de 2 anos tendem a concentrar-se de 4 a 10 minutos numa atividade; crianças de 7 anos cerca de 14 a 35 minutos e crianças de 10 anos durante 20 a 50 minutos. Estes estudos devem ser apresentados com relativa precisão, pois há muitos aspectos influenciadores no que concerne ao nosso tempo de atenção, além da idade. Para ver o trabalho por unidades de energia, devemos perceber qual o nosso tempo de atenção, mas não será um fator primordial. 

 

O tempo passa mais rápido quando fazemos algo que gostamos, já dizia o outro. 

Fonte: Pixabay

Passamos para o exemplo de um/a designer cujo projeto é criar um logótipo para o restaurante O Restaurante Fictício. Quanto tempo passa um/a designer a desenhar um logo? Leva o tempo da reunião com o/a cliente, leva o tempo da meeting com a agência de marketing (se for o caso de um rebranding bem feito), leva o tempo – e, oh que tempo – a olhar para a tela em branco sem saber o que fazer. Leva o tempo de analisar todos os rascunhos e, quando o/a designer pensa que a sua tarefa terminou, leva mais o tempo de fazer 73 pequenas alterações que o/a cliente solicitou. No meio de todos estes tempos, há um tempo que o designer não sentiu a passar: o tempo da sua tarefa preferida. Por isso, Nevill fala em compreender os diferentes tipos de energia. Podemos-nos sentir esgotados ainda antes de ver o trabalho finalizado.

 

Então, revolucionamos o calendário. Freelancer que é freelancer sem nomadismo, já salvaguardou uma parede do seu escritório para criar o seu próprio calendário com post-it’s. Desenhamos um calendário na parede e cada post-it é uma tarefa. Repare: uma TAREFA e não um TRABALHO. Assim, visualizamos as unidades de tempo (as que não controlamos – uma hora terá sempre 60 minutos), as unidades de energia e as tarefas por realizar.

 

Saber partir um trabalho em tarefas é o mesmo exercício que criar objetivos. Quero ter mais seguidores na minha conta de Instagram é diferente de Quero ter 3000 seguidores na minha conta de Instagram no final do próximo mês. O segundo é um verdadeiro objetivo – mensurável. Salvaguardem tempo para todas a tarefas que o vosso trabalho exige: saibam quanto tempo, em média, leva cada tarefa a estar concluída e incluam nesse tempo unidades de energia usadas.

 

Quantas unidades de energia usa por dia?

As unidades de energia são os blocos de tempo, com bateria limitada, onde somos mais produtivos/as. 

Robin Sharma, por exemplo, pôs todos os despertadores a tocar às 5am (cinco horas da madrugada). 

O Clube das 5 da Manhã, Robin Sharma

É uma morning person? De nada nos custa tentar. Acordar às 5h da manhã para meditar no silêncio, ler com o nascer do sol, dançar com os primeiros sons… Acordar mais cedo proporciona momentos de qualidade para os seus pensamentos antes de o dia começar oficialmente. Parece-lhe bem? Não se esqueça que terá de se deitar bem mais cedo também. Consegue transformar isto num post-it? Será uma tarefa ou um prazer? Será um privilégio de ser freelancer? 

Em caso de resposta positiva, deverá também gostar de ler este

Vamos a aspetos mais práticos da organização de tempo de um/a freelancer. Mais práticos e mais digitais.

Ferramentas de gestão de tempo e tarefas para freelancers

1. Trello

Trello é uma ferramenta para a organização de projetos e tarefas, que pode ser editado por várias pessoas. O site (também disponível em aplicação móvel) funciona em formato de listas, compostas por quadros, que pode criar e editar como preferir, além de fazer comentários, adicionar checklists, arquivos, imagens, textos… o que for necessário para o seu trabalho.

2. Toggl

Toggl atua como uma espécie de cronómetro das suas tarefas. Pode criar uma lista de tarefas diárias e consegue cronometrar quanto tempo usa para cada atividade. No final de cada projeto, é possível ver um gráfico das horas dedicadas a cada trabalho. Disponível para browser e aplicação móvel. 

3. Notion

Notion é uma aplicação do estilo workspace, mas tão personalizável que podemos colocá-la na linha de “all-in-one” ‒ ferramentas que concentram todas as funcionalidades das concorrentes dentro de um único sistema. O Notion funciona em todas as plataformas, incluindo Android, iOS, Mac, Windows e web. Muito usado por designers pela possibilidade de quadro em branco. 

4. Evernote

Recorda-se dos cartões de visita? Guardávamos todos para o caso de virmos a precisar de um canalizador ou agente imobiliário. O Evernote começou por ser a app-ideia para guardar digitalmente esses cartões e evoluiu para a app que guarda todas as notas, mensagens, recados, imagens, inspirações e citações que queira guardar. Uma app amiga do/a jornalista.

Aplicações à parte, podemos gerir o tempo e energia pela técnica de Pomodoro, muito popular entre estudantes. Consiste em criar blocos de tempo de trabalho, alternados por blocos de pausa, de um tempo menor. Por exemplo:

Fonte: NaPrática.org

No tempo de trabalho, eliminamos qualquer tipo de distrações. No tempo de pausa, afastamo-nos do local de trabalho. Este tempo de trabalho pode ter a duração da sua unidade de energia, usando a quantidade de blocos adequada ao seu tempo produtivo.

 

Trabalhe enquanto eles dormem,
estude enquanto eles se divertem,
persista enquanto eles descansam,
e então, viva o que eles sonham.”

Provérbio japonês

Perguntem a Timothy Ferris. 

4 horas por Semana – Trabalhar Menos, Produzir Mais –  é a bíblia para quem quer fugir do tradicional das 9 às 5 (que nunca é 5; é 6 ou 7 ou 8). É possível trabalhar somente 4 horas por semana? É, mais ou menos. Aqui a keyword é produtividade. Tim não estava bem; estava rico, mas não estava bem. Queria mais tempo. Decide criar a sua própria mudança através de quatro passos:

  1. Definição: introduzir as regras e objetivos do jogo. 
  2. Eliminação: aniquilar a noção absoluta de gestão de tempo. É aqui que começa a estratégia para trabalhar 4 horas por dia (quando, em Portugal, ainda se discute a semana de 4 dias).
  3. Automatização: outsourcing e regras de não decisão. Se não podemos controlar, é aceitar que dói menos. 
  4. Libertação: trabalho remoto, minirreformas e mobilidade. 


Tim entra na lista de autores de auto-ajuda? Não, sim, talvez… Vejamos:

  • Fazer bem uma coisa pouco importante não a torna importante.
  • O facto de exigir muito tempo não torna uma tarefa importante. 

 

A gestão de tempo dos freelancers baseia-se na optimização das tarefas (não projetos) tendo como finalidade uma maior produtividade. Tim casa o Princípio de Pareto com a Lei de Parkinson:

 

Princípio de Pareto 

O princípio 80/20, muito utilizado no comércio. 80% dos outputs resultam de 20% dos inputs. Ou, 80% dos resultados derivam de 20% do esforço e tempo. 80% dos lucros de uma empresa advêm de 20% dos produtos e dos clientes. 

 

Lei de Parkinson

Dita que uma tarefa aumentará em importância e complexidade em relação ao tempo acordado à sua conclusão. É a magia do prazo iminente. A pressão do prazo força-o a concentrar-se e a completar a tarefa. E como o prazo limite está muito próximo, focamo-nos nos aspectos mais importantes e cruciais do projeto (quem nunca deixou a finalização de um trabalho para a data limite?)

Fonte: Renato Nascimento via Linkedin

Tim Ferris desafia-nos com o exercício de juntar duas abordagens aparentemente inversas:

  • Limitar as tarefas ao importante e encurtar o tempo de trabalho
  • Encurtar o tempo de trabalho para limitar as tarefas ao importante

Se lhe pediram a tradução de um texto e a data de entrega exigida é longa, tais tarefas vão pesar no seu calendário, esteja ele numa parede ou numa aplicação, e a tradução só estará completa na hora limite da entrega. Porque enquanto o projeto estiver aberto, vai estar sempre a editar alguma coisa, por mais insignificante que seja. Vai usar mais unidades de energia em tarefas de pouco significado. 

Nota: a primeira edição de The 4-Hour Workweek data de 2007. Logo, todas as estratégias e sinergias abordadas não foram influenciadas pela pandemia de 2020. Aconselho que leia sempre a edição mais recente, para encontrar as dicas mais atualizadas. 

 

“O tempo perguntou ao tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.”

Quando trabalhamos em regime freelancer, o tempo é flexível. Podemos trabalhar mais ou menos horas, mas o tempo é nosso. Está dentro do nosso controlo, está dentro dos nossos post-it’s, está dentro das nossas caixinhas de energia. 

Ser freelancer é tentar ser produtivo e responsável. Criamos a nossa tabela de preços (explora mais este assunto aqui) e escolhemos os nossos clientes e projectos. 

Ser freelancer é também estar visível e procurar trabalho. E procurar trabalho é um post-it daqueles bem grandes, num cor-de-rosa muito forte. Basta uma palavra: networking

Ser freela exige uma capacidade de estabelecer limites claros entre a vida pessoal e a vida profissional. Mais um post-it? Sim, se assim o entender. 

Fonte: Pexels

As keywords de um freelancer são produtividade e energia. Mais do que tempo, porque esse é uma questão de calendário. 

Voltando à questão inicial do texto: precisam os freelancers de um relógio de ponto biométrico?

Sim. Para autocontrolo e avaliação.

Freelancer: utopia ou um trabalho de sonho concretizável?

Pauliny Zito
Planner, copywriter e copydesk

Trabalhar por conta própria. É isso que define o freelancer, termo em inglês que significa profissional liberal que presta serviços de modo autónomo para empresas ou pessoas, por períodos determinados de tempo.

O trabalho de freelancing oferece flexibilidade, independência e a oportunidade de perseguir a sua paixão.

Pauliny Zito
Planner, copywriter e copydesk

Trabalhar por conta própria. É isso que define o freelancer, termo em inglês que significa profissional liberal que presta serviços de modo autónomo para empresas ou pessoas, por períodos determinados de tempo.

O trabalho de freelancing oferece flexibilidade, independência e a oportunidade de perseguir a sua paixão.

Nas palavras de Peggy De Lange, VP de Expansão Internacional da Fiverr, plataforma que conecta empresas a freelancers:

“A pandemia fez com que as pessoas procurassem formas alternativas de exercer as suas atividades. Para aqueles que estavam acostumados a trabalhar num formato mais tradicional, a adesão forçada ao home office acabou por funcionar como uma experiência que mostrou que é possível unir flexibilidade e produtividade. É muito natural que os profissionais queiram manter os aspectos mais positivos desta vivência daqui para frente, o que acaba contribuindo para que muitos se direcionem para o mercado freelancer”.

Fonte: Foto de Andrea Piacquadio, Pexels

Competências do freelancer

O profissional freelancer deve ter boa comunicação verbal e escrita, alta capacidade de gestão do tempo e de planeamento, alto comprometimento e, acima de tudo, ser muito organizado e ter disciplina a fim de priorizar atividades e cumprir prazos.

O foco na solução de problemas é um dos segredos para ser bem-sucedido nos quesitos disciplina e equilíbrio. Para tanto, o primeiro passo é saber o que exatamente tem de resolver. 

Outras competências necessárias são adaptabilidade e empatia, pois, para conseguir resolver os problemas dos clientes, antes de tudo é necessário percebê-los. E para bem percebê-los, terá de colocar-se no lugar deles.

O freelancer deve ser capaz de estabelecer limites claros entre a vida profissional e a pessoal e ter cuidado para não se deixar influenciar pelas muitas distrações presentes em casa.

Ser freelancer implica ser o seu próprio patrão, um desafio que exige que o profissional desenvolva a liderança. Primeiro, de si mesmo. Depois, na relação freelancer e cliente, a liderança está presente na criação de confiança e credibilidade. Para freelancers que trabalham com parceiros, a liderança deve ser exercida com cordialidade e segurança, dando-lhes, entretanto, autonomia. Por último, há também a relação de liderança com familiares e amigos, para que percebam a seriedade do seu trabalho e respeitem horários e limites. 

Por fim, mas não menos importante, é fundamental que o freelancer saiba como promover o seu trabalho, construindo a sua marca pessoal forte, que só será conseguida se o profissional for especialista em determinado nicho – e não um generalista. 

Como construir uma marca pessoal forte? Tendo uma boa estratégia de Networking.

  • Ter e nutrir uma ampla lista de contactos para conseguir boas oportunidades, tendo em conta que não basta juntar contactos; é preciso mantê-los “vivos”;
  • Participar em eventos do mesmo setor que o seu;
  • Estar presente e ativo em grupos de emprego;
  • Inscrever-se em plataformas de freelancers e relacionar-se com outros freelancers;
  • Participar em discussões e estar presente nas redes sociais, principalmente no LinkedIn, a publicar com frequência e a interagir com potenciais clientes;
  • Ter um website/portfólio sempre atualizado e divulgá-lo constantemente;
  • Construir um nome no mercado, tornando-se uma referência na sua área enquanto freelancer;
  • Manter uma boa relação com os seus clientes, baseada em confiança;
  • Manter-se sempre contactável e disponível.

Benefícios de ser freelancer

Enquanto o trabalho de um freelancer é melhor em termos de flexibilidade e propósito, empregos tradicionais, com contrato, por exemplo, oferecem melhores benefícios e estabilidade financeira.

Trabalhar como freelancer oferece aos profissionais a oportunidade de estar no controlo das suas carreiras, o que não se consegue através do emprego tradicional.

Possibilidade de trabalho remoto, ter flexibilidade para estar mais tempo com a família, para viver o seu estilo de vida desejado e para cuidar da saúde física e mental, e, ainda, controlar o potencial de ganhos são alguns dos benefícios-chave de ser freelancer.

Fonte: Foto de Fauxels, Pexels

Dica: faz um planeamento financeiro. Tendo em conta que o ordenado mensal do freelancer é variável, um bom planeamento financeiro é ter em mente quanto dinheiro tem, quanto vai receber e quanto e como está a gastá-lo. Só assim poderá tomar decisões assertivas e não gastar mais do que pode.

10 mitos da carreira de freelancer

1. Freelancer é quem define o orçamento extra

O profissional até pode utilizar o trabalho freelancer como um extra, mas nada o impede de fazer dele a sua principal remuneração.

2. O freelancer ganha pouco

Especialistas nas suas áreas de atuação que trabalham como freelancers deixam de ter o seu valor-hora determinado por uma empresa e definem o seu próprio preço, geralmente passando a cobrar acima da média.

3. Freelancer é para os que estão a ingressar no mercado de trabalho

Embora seja uma área muito atrativa aos jovens em início de carreira, que são movidos a novidades e visam mais liberdade e flexibilidade, não é uma área exclusiva deste público.

4. Não é preciso trabalhar em equipa

Isso porque, mesmo que o freelancer não se encontre com a equipa da empresa, sempre há interação e colaboração entre ambos, desde o recebimento e entendimento do briefing à execução dentro do prazo pré-determinado.

5. Poucas horas de trabalho por dia

O número de horas de trabalho do freelancer depende de diversos fatores, podendo ser, por vezes e inclusivamente, maior do que a carga horária padrão das empresas, nomeadamente: quantidade de clientes e trabalhos, grau de dificuldade e complexidade de cada trabalho, capacidade e ritmo de produção e concentração do freelancer, entre outros. Como o freelancer não tem uma carga horária a cumprir, ele mesmo é quem estabelece quantas horas deve trabalhar mediante as necessidades e os prazos de entrega.

6. Freelancer passa o dia a trabalhar de pijama no sofá

O freelancer pode vestir o que lhe apetecer e trabalhar de onde quiser, quer em sua casa, quer em espaços coworking ou mesmo em locais públicos, como parques, cafés e bibliotecas. Cada pessoa tem uma maneira de ser e de comportar-se, o que não faz do pijama nem do sofá uma regra. 

7. Está sempre disponível

A carreira de freelancer não é sinónimo de agenda mais vazia. Cada freelancer possui uma dinâmica de trabalho pessoal e, portanto, organiza as suas demandas com base no tempo a executar cada tarefa.

8. Não precisa prospetar clientes

Muito pelo contrário. Como já foi dito antes neste artigo, é fundamental que o freelancer faça a divulgação do seu trabalho de maneira contínua, utilizando ferramentas digitais, a fim de destacar-se no mercado.

9. Não é possível viver como freelancer full-time

Nada é impossível. Se tem as habilidades e competências necessárias, foco, organização e sabe promover o seu trabalho, vão sempre surgir clientes e trabalhos.

10. Qualquer pessoa pode ser um freelancer

Nem toda a gente pode ser freelancer pura e simplesmente porque nem toda a gente adapta-se ao trabalho freelancer. Há pessoas que preferem trabalhar para uma única empresa, a fazer seu trabalho em oito horas por dia, 40 horas por semana, a receber um ordenado fixo com contrato, e está tudo bem. Isso porque ser freelancer é não ter rendimento fixo, é ter de fazer sua própria contabilidade e ser responsável pelos  seus impostos e contribuições sociais. E também não ter férias remuneradas periódicas nem subsídios de Natal.

O Mercado de freelancers 

O mercado de freelancers está mais aquecido do que nunca. Nos últimos dois anos, especialmente com a pandemia da COVID-19, vivenciamos uma revolução no mercado de trabalho mundial, com demissões em massa e consequentemente o aumento de trabalhos independentes ou freelancers, temporários, remotos, nómadas digitais, autónomos.

É, de facto, uma carreira em crescimento, que já era tendência de trabalho conforme publicado em artigo da Forbes de agosto de 2018.

Em Portugal, nos últimos dois trimestres de 2021, segundo o Instituto Nacional de Estatística, o número de trabalhadores por conta própria (freelancers) e os profissionais conhecidos como ENI – Empresário em Nome Individual chegou aos 733 mil, o maior valor de sempre em Portugal, e que equivale a cerca de 15% da população ativa no país.

Tipos de trabalho mais comuns para freelancers em Portugal

Os trabalhos mais comuns para freelancers em Portugal são de profissionais liberais e ligados a serviços, nomeadamente:

  • Designers;
  • Jornalistas;
  • Publicitários e profissionais de Marketing;
  • Programadores e desenvolvedores de sites;
  • Produtores ou Criadores de conteúdo audiovisual;
  • Fotógrafos;
  • Tradutores;
  • Revisores;
  • Consultores de negócios;
  • Personal trainers;
  • Fisioterapeutas;
  • Esteticistas que atendem a domicílio;
  • Professor de idiomas e outros, que dão aulas particulares.

8 aplicações úteis para freelancers e empreendedores gerirem o seu negócio

Fonte: Foto de Canva Studio, Pexels

Obrigações Fiscais e de Segurança Social do freelancer em Portugal

Para trabalhar como freelancer em Portugal, é necessário abrir atividade individual, presencialmente no balcão das Finanças ou pelo Portal das Finanças e possuir:

  • Identificação: Cartão de Cidadão ou Cartão/Título de Residência;
  • NIF – Número de Identificação Fiscal;
  • IBAN em seu nome.

No formulário, deve-se selecionar o CAE da sua atividade profissional (classificada consoante a Classificação das Atividades Económicas Portuguesas por Ramos de Atividade) ou CIRS (que consiste em atividades de prestadores de serviços) e preencher uma previsão dos seus rendimentos anuais para efeitos de IRS (caso seja superior a 12.500€ tais rendimentos ficam sujeitos à retenção na fonte).

Atenção: se a atividade a ser iniciada no mês de julho, por exemplo, deve-se calcular a previsão com base em 6 meses, isto é, de julho a dezembro, pois o sistema é que irá, a seguir, calcular automaticamente o valor para 12 meses.

Submetida e aprovada a declaração de início de atividade, o freelancer pode começar a emitir Faturas, Recibos ou Faturas-Recibos (Recibos Verdes) pelo próprio Portal das Finanças.

Fonte: Foto de Cottonbro, Pexels

IVA: se o cálculo anual for de valor superior a 12.500€, é obrigatório o enquadramento no regime normal de IVA, com a correspondente liquidação e dedução de IVA e a entrega da declaração periódica de IVA.

Se o cálculo anual for inferior a 12.500€, o enquadramento é no regime de isenção, sem necessidade de liquidar IVA nem entregar a declaração periódica de IVA.

Segurança Social: no primeiro ano o freelancer é isento de pagamento. Após os 12 meses, a contribuição é calculada com base nos rendimentos dos 3 meses anteriores à declaração e realizada nos meses de janeiro, abril, julho e outubro (ou seja, o freelancer deve entregar uma declaração 4 vezes por ano, para além da declaração anual).

IRS – retenção na fonte: se no ano anterior tiver recebido menos de 12.500€, não precisa de fazer a retenção na fonte, sendo que o IRS será acertado quando fizer a declaração anual. Já se tiver recebido mais de 12.500€, é obrigado a fazer retenção na fonte todos os meses.

Como calcular o valor hora de trabalho freelancer

O blog InvoiceXpress disponibiliza uma ferramenta que pode ajudar no cálculo do valor hora de trabalho freelancer: Calculadora Valor Hora para freelancers | Invoicexpress.

Já o site MeuSalario.pt, indica uma fórmula para calcular o valor hora:

  • Salário Ambicionado = Custo de Vida + Custo da Atividade + Despesas com Impostos
  • Dias de trabalho = (Dias de trabalho – Dias de Férias – Dias de Doenças)*(horas de trabalho por dia)
  • Valor Hora = Salário Ambicionado / Horas de Trabalho

Exemplo: se o salário ambicionado bruto é 1.600€ por mês e conta-se trabalhar 48 semanas, num total de 240 dias, 7 horas de trabalho por dia, deve-se:

  • Calcular o salário anual a 12 meses = 19.200€
  • Calcular as horas de trabalho por ano = 1.680 horas 
  • Dividir o salário anual (19.200€) pelo número de horas de trabalho (1.680) = 11,42€

Liberdade de escolha 

A modalidade de freelancing intensifica e prova que o capital intelectual pode estar disponível em qualquer parte do planeta.

Este modelo sem vínculo empregatício, antes menos valorizado, atende melhor aos anseios de independência e autonomia das novas gerações – mas não só – de profissionais que estão a ingressar no mercado de trabalho. 

Assim, é possível experimentar trabalhar com diversos tipos de empresas e respetivas culturas, selecionar trabalhos que mais convém e que fazem mais sentido de serem desenvolvidos, na visão do próprio freelancer

Fonte: Foto de Andrea Piacquadio, Pexels

O que os freelancers querem 

Ter mais satisfação no trabalho. É isso que os profissionais freelancers mais querem. 

A pesquisa da plataforma Fiverr, realizada pela Censuswide entre os dias 16 e 24 de novembro de 2020, na qual foram entrevistados 1.051 profissionais que trabalharam remotamente naquele ano, em diferentes países, concluiu que, dos freelancers entrevistados, 76% concordaram que trabalhar de casa permitiu que eles assumissem mais trabalhos em paralelo. Além disso, 68% ​​afirmaram que trabalhar em casa os tornaram mais produtivos, o que também lhes permitiram assumir outros trabalhos.

Sê um freelancer

Para trabalhar como freelancer, é preciso dedicação e trabalho, sobretudo ter mente aberta e estar disposto a aceitar novos desafios.

Num mercado altamente competitivo como este, definir um nicho de trabalho faz muita diferença. Quanto mais você se especializa em determinada área, melhor, pois conhecimento técnico é sinónimo de alta qualidade na entrega do trabalho.

Se tem talento e quer entrar no mercado de freelancer, junta-te à maior rede de talentos na Scallent, subsidiária da Jelly – Digital Agency, onde o teu trabalho é verdadeiramente valorizado e dignificado.

A Scallent seleciona Talentos de Topo dentro das áreas de competência de uma Agência e liga-os aos projetos dos clientes, num modelo curado, ágil e competitivo.